A DÁIE DE VÁRIOS NOMES - NOTAS DA AUTORA

Escrever um livro sempre foi um sonho. Não me surpreende que minha criança tenha descoberto isso ainda muito nova. Aos dez anos, lá estava ela redigindo sua primeira história: O Baú de Todas as Cores. Apesar de não ter sido publicado, costumo dizer que esse foi o meu primeiro livro. Está impresso, com ilustrações e uma única edição que reside comigo, a qual revisito quando busco inspiração.

 

A narrativa é sobre linhas de costura que viviam presas em um baú. O grande desafio delas era encontrar a liberdade sem perder a essência de serem quem eram. Toda vez que releio esse conto, penso na sabedoria das crianças. Ali, a minha pequena estava mesmo escrevendo o futuro, ou para o futuro. Às vezes sinto ser a mesma coisa. Fato é que a mensagem que ela me deixou foi extremamente necessária para que eu conseguisse escrever a grande viagem que acabaram de ler.

 

Diferente da minha pequena, eu havia me esquecido do meu sonho. De vários deles, na verdade. Me tranquei em baús por medo de que ninguém entendesse o que eu tinha para falar. Encontrar com a minha criança me fez ver que não importaria, se assim fosse. Há sempre linhas e dáies perdidas por aí, tentando se encontrar. E daí me lancei nessa grande aventura que seria contar uma história inteiramente minha. Parece que deu certo.

 

A escrita é uma tecnologia de comunicação que ultrapassa os tempos. Talvez por isso eu, que sou tão interessada em passados, presentes e futuros, tenha escolhido esse portal para transitar por eles. Foi necessário que eu me encontrasse com a minha pequena garotinha sábia para entender que as histórias, como nos diz o sr. Gila, sempre se encontram. E escolhi compartilhar as minhas para que eu pudesse escrever (para) o futuro que desejo para mim.

 

Por isso, vale dizer que tudo que acabaram de ler é autobiográfico, mas também ficcional. É ciclo novo, mas também final. É convite e chegada: fato inventado, poesia oracular. Só encontra as respostas quem deseja encontrar. Então não se assustem quando digo que não foi tudo escrito por mim. Afinal, foi sim. Mas eu nunca neguei a magia. Ela está aqui também.

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