Fantasia substantivo feminino
1.faculdade de imaginar, de criar pela imaginação.
2. obra criada pela imaginação.
Dicionário Oxford
O fim do século XX observa a um reequilíbrio entre o imaginário e o real/ racional. Segundo Bachelar, “a função do irracional é psiquicamente tão útil quanto a função do real. Durante o dia, o homem constrói o real graças ao espírito científico, durante à noite, o homem sonha o imaginário”. Só acolhemos realmente a imagem quando a admiramos.
O imaginário é a capacidade elementar de evocar uma imagem, de representar algo. “O imaginário é o perfume do real. Por causa do odor da rosa eu digo que a rosa existe”. (René Barbier).
O imaginário radical, no sentido em que Castoriadis, o utiliza é: “faculdade originário de pôr ou dar-se, sob a forma de representação, uma coisa e uma relação que não são (que não são dadas na percepção), ou nunca foram.”
A fantasia está presente em nossa vivência desde os griôs, que utilizavam a oralidade como ferramente de multiplicação de saber. O fantástico estava presente nas lendas, nos contos, nas metáforas, nas fábulas que nos trouxeram até aqui, vivos, assim como nossa cultura e o nosso sagrado.
A literatura afrofantastica dentro da disputa de imaginário de leitores e apreciadores de arte é um gênero que se apropria do protagonismo que é inerente dessa escrita e nos últimos anos, com o advento do Afrofuturismo nacional assume um dos principais pilares desse movimento que traz a filosofia sankofa como vivência e justificativa de ser, pois no afrofuturismo visitamos a Ancestralidade para no presente construirmos um futuro nosso, com os nosso.
Marcos Cajé, Mestre em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas pela Universidade Federal do Recôncavo define afrofantastica da seguinte forma: “É um conceito que aplico nas produções artísticas do corpo negro e negra com elementos da realidade, se misturando, com fatos históricos, míticos, lendas e folclore, políticos, onde essas combinações geram uma narrativa nova diante do personagem negro e negra, onde busco explorar novas vertentes e noções da realidade, fazendo esse ser negro ser um protagonista e fazendo desse protagonismo cultural negro uma força. A literatura afro-fantástica brinca com o sistema imagéticos e lógico-científico".
Alágbárá: o sonho é um livro intuitivo, que trás no seu cerne arquétipo da sociedade preta, comunidade, Ancestralidade, oralidade, respeito aos mais velhos, amor, fraternidade, troca, união, transformação, evolução, num universo fantástico onde sonhos e pesadelos são vivos e disputam sentimentos humanos que por sua vez passam a sentir e interpretar esses seres admiráveis que estão presentes em seu cotidiano.
Segundo Wanessa Yano, pesquisadora e editora... Alágbárá, narra por meio da plataforma afrofuturista a cosmovisão yoruba entre o mundo visível e o invisível, onde Alágbárá carrega a sua crença na humanidade e nos seus comportamentos. O equilíbrio entre a herança cultural matriarcal entre as energias do feminino e do masculino, além de comunicar através da literatura a perspectiva positivista yorubá e a manutenção do ori positivo para que possamos transformar as coisas ao nosso redor, contrapondo o caos gerado pelo pesadelo e o poder de sugar o Ori positivo...
Sonhos, pesadelos, fantasias, estão dentro de nós, Alágbárá é a concepção dessa presença mística, é o encontro do real e do imaginário, uma literatura Afrofuturista utópica que faz jus ao encanto dos nossos antepassados pensando um futuro preto.
Escritor, Designer e Ilustrador
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